domingo, 6 de março de 2016

Capítulo 06 - Apagado (@Sra. Morte)


A carne crua que eu consumo
A carne sua que eu anseio
A carne nua que nunca verei

Desejos mais ocultos, mórbidos e odiados
O anseio por espancar quem vier contra mim
O desgosto e a indiferença na sua morte diária
Os corvos, abutres e urubus já consomem meu cérebro
Não sobrará muito de mim para o fim desse livro, que ainda vai demorar

Os latidos de Cérbero já me alertam da minha viagem na barca de Caronte
Minha lepra que afasta-me dos outros e também da dor continua crescente
Post-mortem não há mais temores, apenas o destino final aguarda
Minha rainha morta não esperou por mim
Nenhum funeral, nem incensos
Apenas o perfume cadavérico e corpse paints para disfarçar as rugas e pés-de-galinha

Minha carência, suas carícias
Ninguém mais entende-me, nem eu realmente sei se preciso
Esses versos forçadamente desesperados são o meu espelho
Obrigado por me deixar aqui nessa encruzilhada chamada de Lugar Nenhum

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